domingo, 20 de setembro de 2009

O direito à escuridão

Quando eu era pequenina, durante as férias no campo, deliciava-me com o medinho que dava o breu da noite cerrada.
Sempre que me atrasava, no regresso a casa, fazia os caminhos a correr, imaginando-me perseguida por estranhas criaturas e almas penadas.
Depois, quando olhava o infinito cenário estrelado dos céus, esquecia todo o medo e pensava: nada mais magnífico na natureza que o manto rasgado do universo, oferecido a todos neste mágico lugar.
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Hoje em dia, as almas iluminadas das vilas e aldeias, resolveram alumiar as noites como se de dia se tratasse.
Depois das inúteis rotundas, escadarias e mega-mercados, as terras deste país contam agora - e sempre - com a mesma luz, seja de noite ou de dia.
.Em Portugal até a luz já se normalizou. Seja campo ou cidade. A noite democratizou-se.
Ganhámos ou perdemos com isso?
Eu cá, muitas vezes, sinto a falta do mágico breu…
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