sábado, 16 de maio de 2009

Amolador de Memórias

Hoje passou-me o amolador à porta…
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Quando eu era pequenina, a minha rua ainda era de "outros tempos".
À minha casa ainda ia a peixeira com o “pitéu mais fresquinho”. Ainda ia o padeiro com o pão que, de tão cheiinha que vinha a cesta, por vezes deixava cair pelas calçadas. Ainda pela janela se ouvia gritar certinho o jornaleiro: “Olha o Diááááário Notíííííícias! Olha a Capital e o Populaaar!”. Ainda tocava o amolador com a sua gaita, numa melodia que deslizava como uma lâmina afiada.

Bem sei que o tempo torna encantadas todas as coisas da infância, na mesma medida em que as simplifica.
Só assim nos parecem sempre tão belas. Tão apenas só nossas... Porque tudo se torna nosso com as cores que lhe emprestamos.
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Ainda assim, se pudesse, daria tudo para voltar às janelas da minha infância. Ver a minha Avenida outra vez cheia de vida e simplicidade – ainda que muito menos cheia de gente. Os cafés cheios de gente sem pressa; os pregões em cada esquina; os bons dias certinhos, dados bem cedo à minha porta.
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Diz o poeta e está bem certo: A felicidade está nas pequenas coisas.
Ainda que às vezes necessitem de ser amoladas.
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2 comentários:

Bic Laranja disse...

Essa Lisboa doutras eras...
Uma é do adro de Nossa Senhora de Fátima. A outra arriscaria a Almirante Reis mas não garanto.
Cumpts.

Luciana disse...

Irra, que é Alfacinha de Olhão!...
:-)

Abraço