sábado, 10 de maio de 2008

Expo 98 – Ilusão de um futuro diferente













No mês em que se comemoram os 10 anos da Expo 98, por certo surgirão mil e um balanços e mil e uma reflexões sobre como esta alterou a face de Lisboa e de Portugal.
Confesso que me preocupo mais com o quanto esta hoje reflecte – em vez de contrariar – a prevalência dos maiores erros arquitectónicos e paisagísticos de Lisboa.

Nunca pertenci ao grupo daqueles que se revoltaram conta a iniciativa da Expo 98, alegando que o muito dinheiro investido poderia ter sido aplicado para a zona “nobre” da cidade. Não acredito que, mesmo sem a “Expo”, isso tivesse alguma vez acontecido – infelizmente parece quase uma Norma Camarária não dar a volta aos maiores problemas do “coração” de Lisboa. Para além disso, penso que as cidades também precisam de requalificar o que fica para além das suas “muralhas”, criando novos espaços onde seja possível re-imaginar – da estaca zero - o conceito de “vida na cidade”.
Para mim a Expo 98 foi, acima de tudo, uma lufada de ar fresco. Uma promessa de um futuro mais “ordenado” e “verde”. Uma maravilhosa festa de cores, sons, luzes e cheiros - como sempre são as grandes Exposições. E uma cidade precisa muito disso!
Parece-me absurdo que alguém venha hoje afirmar que foi a Exposição do Mundo Português que “estragou” a Lisboa dos anos 40. Ou que Paris teria ficado melhor sem a Exposição que deixou “para trás” a Torre Eiffel… O mesmo se dirá da Expo 98.
Ou se calhar não...










Infelizmente, quem hoje se passeia pelo ”Parque as Nações” e lembra as promessas deixadas pela Expo 98, só pode concluir que, afinal, tudo não passou de uma miragem. De “oásis”, o Oriente rapidamente passou a uma mera “lixeira” arquitectónica e paisagística.
Os planos originais estão há muito esquecidos na gaveta. Os critérios de ordenamento e construção são “apenas e só” os dos bolsos a encher…

10 anos depois, são muito poucas as coisas que me fazem regressar “à Expo”. Restam os poucos espaços verdes ainda “puros”. Restam alguns simpáticos restaurantes, na única zona ainda “respeitada” (e por quanto tempo?)…
Tudo o resto são memórias. Memórias mágicas da festa e da esperança que durou apenas 5 meses. Memórias amargas do que poderia ter sido a "Nova Lisboa", nascida a Oriente.

E o Caos continua a ser Monarca em Lisboa!

Luciana






1 comentário:

Bic Laranja disse...

Confesso que conheço mal.
Parece-me um sucedâneo digno de Beirolas mas com evidentes vantagens... O que lá está adivinhava-se. Um marco para a posteridade. Os próximos vindouros terão ali uma cidade típica da civilização global de fins do séc. XX; com alta densidade de construção e o gosto (a meu ver duvidoso) da arquitectura contemporânea. Isto pelo menos até os edifícios começarem a decair por falta de manutenção e venham a demolir-se para construir coisa ainda melhor...
Não sendo o melhor que se podia ter feito (como os Olivais era pedir muito) é um marco para a história de Lisboa. E um modelo para toda a reconstrução, reabilitação, RECRIAção e demais palavreado pompososo que se lembrem para designar o derretimento do património de edificado doutras épocas.
Desculpe o tom cáustico quando afinal até conheço mal aquela zona dos Olivais.
Cumpts.